4.6.19

DESVIOS DA FEDEX GERAM FAKE NEWS CONTRA A GIGANTE EM TECNOLOGIA HUAWEI

ANDRÉ MOREAU -


Quatro pacotes contendo documentos enviados pela Huawei para seus escritórios na Ásia, foram desviados à sede da FedEx em Memphis, Tennessee, em vez de serem entregues ao destinatário. A FedEx pediu desculpas e afirmou que "desviaram involuntariamente" os pacotes enviados à Huawei. A direção da FedEx acrescentou que a empresa não foi orientada por ninguém para desviar os pacotes.

O que pode haver por trás do desvio dos quatro pacotes da Huawei, à sede da FedEx em Memphis, Tennessee?

Os protecionistas estadunidenses com voz nos meios de Comunicação, vem procurando diminuir a possibilidade do fato servir de base comprobatória à uma ação jurídica, apesar de forçar mais ainda a transferência de tecnologia.

Vale destacar que essa guerra tecnológica/midiática foi acirrada pelo presidente Donald Trump, contra a gigante em tecnologia Huawei, a partir da prisão da diretora financeira Meng Wanzhou, ocorrida no dia 1º de dezembro de 2018 no Canadá, a pedido de autoridades estadunidenses.

Dois pesos e duas medidas: um para os súditos, outro para os concorrentes, caracterizam interesses comerciais

Não é preciso ser especialista em tecnologia informática ou midiática, para concluir que as manobras de Washington objetivam limitar o acesso da Huawei ao mercado estrangeiro, visando conter a expansão das tecnologias avançadas, desenvolvidas na China.

Linha do tempo

Meng Wanzhou foi presa no aeroporto de Vancouver, na escala entre Hong Kong e o México como se fosse uma criminosa. Posteriormente foi pedida sua extradição para os Estados Unidos, em uma ação sem precedentes, ao contrário do que ocorreu em 2011, com JP Morgan Chase que pagou 88,3 milhões de dólares em multas por violar as sanções contra Cuba, Irã e Sudão. Seu diretor Jamie Dimon, não foi preso.

As ameaças globais promovidas por Trump, através de Fake News, demonstram a falta de rumo de Washington diante do desenvolvimento tecnológico da China, desde o inicio de seu governo. Recentemente a Huawei foi colocada em uma "Lista de Entidades" impedidas de fazer negócios com empresas americanas (15/5), mesmo sem a aprovação do Congresso estadunidense. O impacto causado por tais noticias, geradas com base em Fake News, nos remete às técnicas da "Doutrina de Choques" de Milton Friedman.

Pequim respondeu as retaliações (31), anunciando a formulação de sua própria lista de "entidades não confiáveis" formada por empresas estrangeiras, corporações e indivíduos.

FedEx investigado por autoridades da Huawei

Autoridades da Huawei tem o direito de saber se os desvios da FedEx foram inadvertidos e/ou criminosos.

As encomendas "perdidas" elevaram o grau de tensões no mercado, "Eu não acho que seja certo para qualquer empresa interceptar ou deter documentos ou informações individuais," disse Song Liuping, diretor jurídico da Huawei (29). "Se nossos direitos foram realmente infringidos, temos o direito legal de nos defender".

Os desvios da FedEx, "prejudicaram gravemente os direitos e interesses legítimos dos clientes e violaram as regulamentações do setor de entrega da China," informou a agência oficial de notícias Xinhua (1). Além de envolver a companhia de navegação da FedEx, o fato gera uma onda de divulgações negativas por parte dos meios de Comunicação aliados a Washington, gerando frustrações entre potenciais clientes da Huawei.

As investigações para apurar o que de fato ocorreu junto a FedEx, foram abertas no mesmo dia em que a China anunciou o aumento de tarifas sobre produtos estadunidenses no valor de US$ 60 bilhões, em resposta às retaliações do presidente Donald Trump que recentemente aumentou as tarifas das importações chinesas em US$ 200 bilhões.

*André Moreau, é jornalista, diretor do IDEA, programa de TV, Unitevê - Universidade Federal Fluminse (UFF)