DANIEL MAZOLA -
Querem
privatizar a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do RJ - CEDAE, mas a ladainha de que o Estado
está quebrado justifica passar a Companhia para a iniciativa privada? Para
responder essa e outras perguntas relevantes fui entrevistar o presidente da Federação
Interestadual de Sindicatos de Engenheiros (FISENGE), Clovis Francisco do Nascimento Filho (foto).
Engenheiro civil há 38 anos, especialista na questão do saneamento, também é
vice-presidente do Sindicato de Engenheiros no
Estado do Rio de Janeiro (Senge-RJ).
O
dirigente afirmou que caso essas privatizações aconteçam quem vai sofrer,
principalmente, é a camada mais pobre do povo, pois a iniciativa privada só
atende a quem tem dinheiro para pagar. “Somos
contra a privatização da CEDAE porque saneamento, água e esgoto tem que ter
gestão pública, do contrário o povo não terá como pagar pela tarifa (...) a CEDAE
é uma empresa lucrativa que cumpre seu papel e dá dividendos ao estado. Não tem
cabimento privatizá-la. Isso sem falar do pior dos problemas, água é questão de
saúde pública, sem acesso a água tratada muitas pessoas irão adoecer de
diversas enfermidades”.
A
consequência da precarização é o crescimento dos gastos com saúde provocados
pelo aumento das doenças. Segundo
a ONU, a cada 1 real investido em saneamento, economiza-se 4 reais em saúde.
Mas os capitalistas pouco se preocupam com isso. Eles só pensam no lucro. Isso
sem falar nas demissões, arrocho salarial e na retirada de mais diretos
trabalhistas e sociais.
Clovis
Nascimento explicou detalhadamente como será difícil avançar com a privatização
da estatal, é um processo desgastante. 61 municípios atendidos pela CEDAE precisam
aprovar a privatização, tem que ser votado em todas as casas legislativas e por
todos os prefeitos, depois também pela ALERJ e por fim pelo insuspeito
governador, agora cassado pelo TRE-RJ, Pezão.
Segundo
fontes, apesar de a empresa valer entre R$ 10 e R$ 14 bilhões, nos bastidores,
membros do governo dizem que a negociação seria de cerca de R$ 4 bilhões, valor
irrisório – a receita operacional da CEDAE em 2015 foi de R$ 4,47 bilhões. Ao
contrário do que afirmam aliados de Pezão, a empresa é lucrativa. Em 2015, o
lucro líquido foi de R$ 248,8 milhões. O termo de compromisso também prevê que,
se a venda for realizada por valor inferior ao do empréstimo obtido, a
diferença será paga com recursos da previdência social dos servidores,
sacrificando ainda mais os funcionários públicos.
Após termos gravado, o presidente do FISENGE lembrou que cidades, como Paris, Buenos Aires, Berlim, Barcelona, Sevilha,
Nápoles e Atlanta, estão retomando o controle sobre o serviço, devido às altas
taxas cobradas pela iniciativa privada e à piora das condições nos bairros mais
pobres por não haver interesse de empresários em investir nesses locais.
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