ROGER MCNAUGHT -
O centro do Rio de Janeiro evidenciou a maior das verdades
da política das ruas: sem financiamento
da “turminha do pato”, a direita não coloca nem 50 pessoas na rua. Foi o que ocorreu hoje, dia 15 de agosto, na
Cinelândia.
Com um carro de som e falas confusas, defendendo um projeto
que censura professores em sala de aula e com falas de ódio à esquerda, cerca
de cinquenta pessoas - com total apoio das tropas da Polícia Militar e da
Guarda Municipal - causaram um enorme constrangimento a quem transitava pela
área no final da tarde.
A rejeição à ideia de censurar professores – com o nefasto
“escola sem partido” – foi generalizada.
Parlamentares, transeuntes, estudantes e até ambulantes que transitavam
pela praça vaiaram e utilizaram de palavras de ordem para encerrar aquela
obscenidade despropositada. A rejeição
ficou mais evidente quando se ouvia as palavras de ordem e o desprezo dos
presentes para com a ideia defendida pelo “MBL”.
Ao perceberem que a população local estava se posicionando
contra e que um grupo de jovens entoava palavras de ordem antifascistas, a
polícia militar interviu atacando quem se posicionava contra a censura de
professores, tornando o centro novamente em uma praça de guerra e espalhando
gás em uma caçada aos estudantes e aos que demonstravam oposição à censura de
professores. Vale ressaltar que alguns
policiais estavam totalmente equipados para atos ofensivos, um inclusive
carregando diversos artefatos coloridos – parecendo uma árvore de natal.
Após o lamentável episódio ocorrido em uma universidade em
São Paulo, onde policiais adentraram para intimidar quem se posicionasse em
favor de direitos humanos, ficou claro o posicionamento das forças policiais em
torno de um projeto que não admite o contraditório nem o posicionamento
divergente. Faz-se clara a urgência em
rediscutir o papel e a autonomia de uma força que há muito deixou de defender a
população e que agora se empenha em usar de força para coagir a população,
levando dor e morte aos que não se enquadram em seu conteúdo programático e à
população periférica.
Não bastando toda a defesa das forças policiais à esse ato
fracassado, os mesmos policiais escoltaram os membros do MBL durante o
encerramento e agrediram uma transeunte que desejava adentrar a estação de
metrô, tudo para garantir a segurança de um punhado de extremistas de
ultra-direita.
Enquanto no centro havia essa brutal repressão ao
contraditório, em áreas periféricas diversas pessoas enviavam pedidos de
socorro pois suas vizinhanças estavam sob ataque de forças policiais. Infelizmente não há espaço para diálogo e
não porque a população não deseja, mas porque elementos com poder de decisão
nas forças policiais não desejam paz.