10.6.19

"COM TERRORISTAS E GOLPISTAS NÃO SE CONVERSA, SE DERROTA"

ANDRÉ MOREAU -


Enquanto o Povo luta por Fora Bolsonaro nas praças públicas de todo território brasileiro, membros de partidos políticos ditos de esquerda, mas obedientes as orientações dos homens mais ricos do País que comandam os meios de Comunicação de massa, pedem calma para os trabalhadores, sob o argumento de que o atual governo foi "eleito legitimamente," como se o Povo tivesse que pagar por uma imposição do Superior Tribunal Eleitoral e as noticias falsas (fake news), dentre outros retrocessos como, por exemplo, a privatização da Previdência Social que vai transferir 40% do orçamento federal para os banqueiros, verba descontada dos trabalhadores assalariados que perderão o direito à seguridade social.

A falta de compreensão sobre a luta política, lamentavelmente ainda é muito grande entre os trabalhadores brasileiros e isso se deve aos freqüentes estrangulamentos dos movimentos de classe, não só por parte dos poderes de Estado que servem à manutenção do esquema de drenagem das riquezas naturais para os donos das transnacionais, mas também é de responsabilidade de membros da pequena burguesia viciados em eleições que pulam de cargos em cargos, dividindo os trabalhadores em suas lutas, para que se mantenham na esperança de que nas próximas eleições, tudo irá mudar.

Vamos esperar o quê para transformar a paralisação do dia 14 numa Greve Geral?

A política de fragmentação da luta dos trabalhadores é promovida pela maioria dos partidos políticos, mantendo distante o entendimento de que, quando todos lutarem contra os mesmos retrocessos que não só atingem índios, negros, mulheres e outros segmentos sociais, mas o ensino público, a Petrobrás, a Previdência Social, ou seja a todos os cidadãos, será possível organizar greves gerais que de fato abalem o sistema, para que seus representantes sirvam ao Povo e não façam do Congresso Nacional uma grande sala de negócios.

As ditas lideranças de esquerda que operam a fragmentação da luta, agem como se a insatisfação popular crescente, não pudesse servir de base para o cimento popular que, por exemplo, o Comandante Hugo Chávez criou para sedimentar as bases da Revolução Bolivariana na Venezuela, carregando ideais do Libertador Simón Bolívar. Talvez isso ocorra, porque eles ignoram o papel de brasileiros como José Inácio de Abreu e Lima, em batalhas decisivas ao lado do Libertador que dedicou sua vida à libertação dos povos do Continente, das garras dos imperialistas ou porque considerem que movimentos como a coluna Prestes, não sirvam mais para inspirar a mobilização popular.

Ou quem sabe, porque gostariam de ser tão iluminados como o Libertador Simón Bolívar que teve sua história retratada no livro, "O general em seu labirinto," pelo grande escritor Gabriel García Márquez, que em suas próprias palavras afirmava "Desperto a cada 100 anos, quando desperta o Povo." O romance inspirado na vida de Simón Bolívar, "El Libertador" passeia por pensamentos de Rousseau, Montesquieu e Voltaire. Fascinado pelo sonho da América Latina unificada e livre, desde o México a Terra do Fogo, García Márquez traçou o percurso de Bolívar que dedicou sua vida a romper as correntes do poder espanhol no Continente.

Quando a correlação de forças entre os trabalhadores mudar, os parlamentares e os membros do judiciário terão que entender que ocupam cargos para servir ao Povo e não para serem servidos

Os ensinamentos do Comandante Hugo Chávez, remontam às boas lutas de Simón Bolívar e estão disponíveis em audiovisuais na grande rede. Tratam-se de obras obrigatórias para quem quer de fato fazer política, na verdadeira acepção da palavra, nas quais é possível aprender, por exemplo, que "Com terroristas e golpistas não se conversa, se derrota." A máxima além de dar gás ao governo da República Bolivariana da Venezuela, estimulou o Povo a abrir caminhos que levaram à instalação e ao funcionamento da democracia participativa. A resistência contra os constantes ataques dos agentes de Washington, que se desdobram na tentativa de usurpar as riquezas naturais daquele País, novamente colocaram a Venezuela no epicentro das boas lutas, marcando os últimos suspiros de um sistema desigual, baseado no dólar.

Os trabalhadores vão parar o País no dia 14, graças aos movimentos organizados e aos partidos políticos de esquerda que lutam contra retrocessos em diversas áreas que vem sendo impostos desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, sabotada por pautas bomba no Congresso Nacional e incautos, até ser derrubada no impeachment, sem mérito, mas é preciso entender que paralisação não é greve geral e que a partir da paralisação, é preciso organizar a grave geral, para que realmente estudantes e trabalhadores tenham condições de exigir a restauração da democracia usurpada quando foi rasgada a Constituição, visando promover a mudança do sistema de governo.

*André Moreau, é jornalista, diretor do IDEA, programa de TV – Unitevê, Canal Universitário da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Coordenador da Chapa Villa-Lobos na Associação Brasileira de Imprensa (ABI) blog jornalabi.blogspot.com