MIRANDA SÁ -
O instituto da delação premiada está para a Justiça como o teclado do
computador está para a velha máquina de escrever… Com a intervenção do
aderente, todo crime será desvendado e comprovado; pode ser comissivo,
doloso ou permanente. No caso do Petrolão, chega a ser um crime de
lesa-pátria.
É tão indigno o assalto à Petrobras e traz tantas consequências
funestas, que nunca neste País viu-se coisa semelhante, comparado ao
Mensalão apenas pela repugnância de ser praticado por autoridades
governamentais, do Executivo e do Legislativo.
Com a delação pessoal do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa –
o Paulinho da intimidade de Lula e de Dilma –, e do doleiro Alberto
Yousseff – que personifica o lavatório de dinheiro dos políticos –
vieram comprovar-se antigas desconfianças e denúncias, que sempre foram
rechaçadas pela arrogância atrevida dos cúmplices da bandalheira,
ocupantes do Palácio do Planalto.
Espera-se mais delações, das empreiteiras e de muitos dos executivos
cozinhados no banho-maria dos contratos ilegítimos, das licitações
fraudulentas, das propinas por debaixo do pano ou “legalizadas” através
de doações em campanhas eleitorais.
Das revelações de indivíduos e das empresas, a administração
criminosa da Petrobras será condenada, abrangendo os tentáculos que
alcançam outras empresas estatais e fundos de pensão. E a projeção do
espectro aterrorizador da Justiça, precipitará o pavor dos que teem
culpa em cartório…
A 8ª etapa da Operação Lava-Jato vai escancarar os nomes de políticos
com ou sem mandato. Inicialmente falou-se de uma lista de 43 nomes, que
subiram para 67 e há insinuações de que passarão de cem… No Senado, já
apareceram petistas de proa, a senadora Gleise Hoffmann e o líder do
partido Humberto Costa, de antigo envolvimento com os sanguessugas…
Em toda extensão geopolítica do Brasil, do Oiapoque ao Chuí,
aguarda-se a punição da bandidagem que privatizou o monopólio estatal do
petróleo em proveito do Partido dos Trabalhadores e da pelegagem
corrupta dos círculos petroleiros. Condenação dos “consultores” e
“lobistas” que tiveram a sua parte, e dos parlamentares picaretas que se
empanturraram com os restos do banquete da devassidão lulo-petista.
Veio tardiamente a revelação das manobras criminalizadas da
Petrobras, que precisavam ter um fim, como ocorreu com o Mensalão. Para
engrandecer a Justiça, surgiu no Paraná outro caçador de corruptos, juiz
Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, seguindo o exemplo da
participação elogiável de Joaquim Barbosa.
Apoiado na corajosa e eficiente atuação da Polícia Federal e do
Ministério Público Federal da Terra dos Pinheirais Moro comanda a
Operação Lava Jato com destemor e, sobretudo com o senso de justiça, tão
raro nos dias de hoje.
Os primeiros efeitos da caça aos corruptos levaram empreiteiros à
prisão, sem esperar o julgamento final, como ocorreu com a cúpula do PT
no processo do Mensalão. São fantasmas apavorantes que rondam
Ministérios, empresas estatais e o Congresso Nacional, amedrontando os
que mamaram nas tetas do Petrolão.
A espera da lista dos políticos cria uma temerosa expectativa para os
corruptos, corruptores e corrompidos, que estão morrendo de medo, o que
nos presenteia com o antegozo da vingança patriótica…
Este medo pânico nos traz à lembrança um conto do fabulário beduíno
que li ou ouvi não sei quando, nem aonde, impedindo-me de dar-lhe
crédito:
“Em pleno deserto, uma caravana de mercadores se encontra com a Peste
a caminho de Bagdá. – ‘Por que tens tanta pressa para chegar à cidade
dos califas? ’, perguntou o chefe dos cameleiros.
“Vou à busca de cinco mil vidas”, retrucou a Peste.
“Na volta, novo encontro. – ‘Mentiste’, disse o caravaneiro. ‘Ouvimos
dizer que em vez de cinco mil, levaste quase cinquenta mil. ’
“A Peste, aborrecida, disse: – ‘Falo a verdade, pois não minto; fui
buscar cinco mil, nenhuma a mais’. E acrescentou sorrindo: – ‘As outras,
matou-lhes o Medo. ’”
Tomara que o Medo nos poupe do pecado de desejar a morte dos
canalhocratas que estão acabando com o País, mesmo que mereçam a forca…