20.12.14

ÁRVORES GENEALÓGICAS

MIRANDA SÁ -


Tempos atrás, numa radiosa tarde de setembro em Natal, Rio Grande do Norte, eu e o meu amigo Augusto Luiz Gomes, saímos do trabalho após uma exaustiva gravação de um vídeo e fizemos uma romaria pelos bares. Chegamos ao Bela Nápoles para lavar com chopes gelados.

Resolvemos pedir ostras frescas, aperitivo para o almoço tardio. Isto requer um ritual: quando as ostras veem abertas separamos o molusco da concha, esprememos limão sobre ele, polvilhamos pimenta do reino e pingamos azeite de oliva; tudo pronto chupamos a parte sólida e sorvemos o caldinho temperado.

Essa preparação permite alongarmos a conversa. Com a usual falsa moral, Augusto lamentou o sacrifício das ostras que levam 5 ou 6 anos para chegarem à idade adulta, quando um mergulhador as arranca da colônia, limpam-nas e transportam-nas de Santarém até Natal, onde são guardadas no gelo até um freguês aparecer.

Como Augusto tem Lula por apelido, resolvi sacaneá-lo falando da minha preferência pelas lulas, moluscos como as ostras, fáceis de pescar e cozinhar, pois não têm a casca externa e sua cartilagem é macia e gostosa.

Brigamos. O videomacker arrepiou: -“Não é porque você não gosta do presidente Lula que lhe dou o direito de me provocar!”. Aí eu me defendi: -“Nada contra você; a lula é dividida em duas classes, as octópodes (oito tentáculos) e as decápodes (dez tentáculos). O Lula, molusco-presidente, é de linhagem especial, a nonápode, “pois só tem nove tentáculos nas mãos…” Rimos e fizemos as pazes.

Como falei de linhagem nessa memória, associei-a a genealogia, que mapeia a origem das pessoas, como o DNA reconstrói a genealogia de piolhos, peixes e ratos.

Então, recordando os bons tempos em Natal transfiro-os ao presente, para o noticiário desta semana sobre o veloz enriquecimento de Pedro Barros Mercadante Oliva, filho do ministro Aloízio Mercadante. Vejo que dá para pensar nas árvores genealógicas dos petistas.

Pedrinho Mercadante é sócio e vice-presidente da Petra Energia S/A, que faturou R$ 148,1 milhões do PT-governo entre 2013 e 2014, quando Mercadante foi para a Casa Civil da Presidência; e as verbas foram empenhadas pelo Ministério de Ciência e Tecnologia, cujo titular na época (2011 a 2012) era o mesmo Aloizio Mercadante. Os dados são do Siafi.

Ajudada pelo Google, a memória também nos traz a uma reportagem da Folha de São Paulo sobre a vida empresarial vitoriosa dos dois filhos do ex-presidente Lula, Fábio Luís e Luís Cláudio. Principalmente a extraordinária evolução de Fábio, conhecido como “Lulinha”.

O senador paraense Mário Couto, alertando para a corrupção no País, destacou a investigação da PF sobre enriquecimento de Lulinha; e mais irreverente do que ele, o deputado Jair Bolsonaro pediu diligências policiais para o aumento patrimonial do filho de Lula: – “Ele era limpador de estrume no Zoológico de São Paulo e, de repente, é um mega fazendeiro”.

Os inocentes, que nunca sabem de nada, dizem que tudo isso é boato. Mas acreditam os que vêem as facilidades de quem usufruí do “cartão corporativo” e do “passaporte diplomático”, em caráter excepcional e interesse nacional!

É admirável saber que há uma “heráldica” no Partido dos Trabalhadores, onde os filhos da alta hierarquia lulo-petista desfrutam do privilégio “QI” –Quem Indica” – utilizando os nomes dos papais e das mamães. Lembram-se do filho de Erenice? Pois a mídia esqueceu…

Creio que os filhotes da pelegagem, como todos “novos ricos”, já encomendaram a institutos categorizados suas árvores genealógicas com ancestrais ilustres, dirigentes sindicais, advogados, políticos e até generais; mas para gozar tranquilamente a vida de nababos, precisam calar a imprensa e aparelhar a Justiça.

Por isso, funciona a estratégia do PT, do “controle da mídia”, do aparelhamento da máquina judiciária e dos órgãos de fiscalização da Receita Federal. O Brasil decente exige dos patriotas a mobilização e a conquista das ruas contra essas ameaças que pesam sobre a liberdade de imprensa, a Advocacia-Geral da União, o STF e o STJ.

Não podemos esquecer que os galhos da segunda geração de pelegos são abrangentes e venenosos. Semana passada postei no Twitter que essa árvore genealógica deve ser a figueira do diabo, aonde, segundo Mateus 27,5, Judas Iscariotes “se enforcou”…

A TEMPESTADE, O FURACÃO E O DILÚVIO

CARLOS CHAGAS -
Deve ter respirado  aliviada a presidente Dilma Rousseff quando viu, ontem, no jornal O Estado de S. Paulo, a  lista de políticos supostamente envolvidos no escândalo da Petrobras, conforme a delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa. Apesar de faltar a lista do doleiro Alberto Youssef, capaz de acrescentar   outros  nomes, Dilma fica mais ou menos livre para compor o novo ministério sem o risco de nomear alguns dos 28 acusados e precisar, depois, livrar-se deles, caso tornados réus.    Apesar dessa previsão,   abre-se a hipótese da   nomeação de um ou outro  como forma de a presidente demonstrar que  acredita em seus veementes protestos e   negativas, além de não ter sido aberto processo contra nenhum e, muito menos, haver condenação. Mesmo assim,  melhor que os relacionados não alimentem esperanças de virar ou, mesmo, de indicar ministros.

Essa primeira lista é impressionante, dada a evidência de que Paulo Roberto Costa, se não tiver certeza e provas de sua delação, arrisca-se a  voltar para a cadeia e lá ficar até a eternidade. Dos  políticos, 7 são ou foram senadores, 11 deputados, 4 governadores e 3 ministros.   Entre eles,  10 do PP, 8 do PMDB, 8 do PT, além de um do PSB e outro do PSDB. Dois morreram.

Os  parlamentares reeleitos serão julgados   pelo  Supremo Tribunal Federal, caso  denunciados pelo procurador-geral da República e se aceitas as denúncias pelo ministro-relator. O fórum para  governadores é o Superior Tribunal de Justiça. Para os que não tem mandato eletivo, a justiça de primeira instância.

Não há como  negar que a classe política, o Congresso e os partidos ficam muito  mal. O governo também. Novidade propriamente não  há na evidência de que a corrupção e os políticos relacionam-se faz muito, mas choca todo mundo conhecer os nomes relacionados, muitos até agora tidos como acima de qualquer suspeita. Por ironia, a divulgação  segue-se à promessa da presidente Dilma de celebrar um pacto contra a corrupção, fazendo parte da lista alguns de seus   ex-ministros.

Com relação ao Congresso,  a inclusão dos ainda presidentes do Senado e da Câmara aumenta a falta de credibilidade na instituição. Quanto aos partidos, salta aos olhos a prevalência quase absoluta daqueles que formam a base parlamentar dos  governos Lula e Dilma.

Em suma, e apesar dos desmentidos e das  negativas, a conclusão é de que a tempestade vai virar furacão. Depois, quem sabe, o dilúvio.  Marcada para fevereiro a apresentação das denúncias contra os políticos envolvidos no escândalo da Petrobras, o mínimo a esperar é o descrédito  nas instituições políticas.

Lista vazada do Petrolão derruba padrinhos e ‘ministros’, mas está incompleta, omite um governador que foi reeleito. Para oposição, lista reforça necessidade de nova CPI

Por Cláudio Humberto - Via Diário do Poder - 

Lista vazada está incompleta, e omite um governador que foi reeleito 


O vazamento do Listão do Petrolão, ontem, foi “seletivo”, segundo definiu um destacado integrante do Ministério Público Federal. Ele garantiu que há pelo menos outros dez nomes a serem acrescentados aos 28 políticos destinatários de parte do dinheiro roubado da Petrobras. Entre os que não aparecem na lista, diz esse procurador, que não cita nomes, há um governador a ser reempossado no dia 1º.

Desde os primeiros vazamentos, dava-se como certa uma lista composta de 38 políticos, dos quais onze seriam senadores.

O vazamento parcial evitará qualquer ação de nulidade, na medida em que o Listão do Petrolão jamais será confirmado oficialmente.

O vazamento foi recebido como “gentileza” do MPF a Dilma, que já não corre o risco de “desconvidar” ministros incriminados na Lava Jato.

O ministro Edison Lobão (Minas e Energia) nega conexão ao Petrolão. Fez chegar isso a Dilma, ontem, de novo. Mas não escapará da degola. 

Citados no listão do Petrolão, Cabral, Renan e Henrique encolheram 

O listão do Petrolão, com os 28 políticos suspeitos de envolvimento no Petrolão, deu o pretexto que Dilma sonhava para se livrar da pressão de partidos aliados pela nomeação de ministros. O PMDB foi o mais prejudicado com o vazamento: Henrique Alves (RN) já foi descartado, assim como Sérgio Cabral (RJ). E o presidente do Senado, Renan Calheiros, perdeu força como o mais influente dos padrinhos políticos.

Agora que Renan Calheiros enfrenta turbulências, apadrinhados como o ministro Vinícius Lages (Turismo) podem não continuar no governo.

Outro que perde força para indicar ministro ou ser ele próprio nomeado é o senador Ciro Nogueira (PP-PI), citado na Lista do Petrolão. 

Para a oposição, lista dos primeiros 28 políticos enrolados impõe nova CPI 

Após divulgação, nesta sexta-feira, 19, da lista com 28 políticos que teriam recebido propina do esquema de corrupção na Petrobras, os líderes do PSDB, DEM e PPS na Câmara afirmaram que a necessidade uma nova CPI para investigar a estatal foi reforçada. “Sem sombra de dúvida, esse novo fato mostra que é preciso aprofundar as investigações em uma nova comissão”, disse o líder do PPS, Rubens Bueno (PR). 

Na avaliação do parlamentar, outros nomes deverão vir à tona além dos citados por Paulo Roberto Costa. “O volume de dinheiro é tão grande, são tantas empresas envolvidas e tantos negócios que acho que tem mais nomes a serem divulgados, porque esses são só os citados pelo Costa, ainda falta a [lista] do Youssef”, afirmou o líder do PPS.

Entre os citados na lista de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, morto neste ano. Ao afirmar que essas revelações dão mais argumento uma nova comissão de investigação do Petrolão, o deputado tucano Antonio Imbassahy (BA), líder do PSDB, declarou que o partido defende que haja a investigação de todos. “Nós esperamos que tudo fique absolutamente esclarecido e penalidades sejam aplicadas à medida que eventualmente forem comprovados crimes”, disse. 

Em seus depoimentos, Costa citou também o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, os ex-ministros Antonio Palloci (Fazenda e Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades), o governador do Acre, Tião Vianna (PT), os ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco), além de deputados e senadores de PT, PMDB, PSDB e PP. 

Os parlamentares da oposição na Câmara, no entanto, foram cautelosos e ponderaram que as denúncias precisarão ser comprovadas. “Eu não vou pré-julgar ninguém. Eu acho que as denúncias são graves, mas fazem parte de um processo que envolvem uma delação, e o delator terá obrigação de comprovar o que ele afirma”, observou Mendonça Filho. 

Leia mais na Coluna Cláudio Humberto, site Diário do Poder.

Hage sobre Pasadena: “Não foi mau negócio. Houve má-fé mesmo”

Via Congresso em Foco -

Ministro da Corregedoria-Geral da União diz que “condutas intencionalmente cometidas”, e não erros de gestão, causaram prejuízo de US$ 659,4 milhões à Petrobras na compra de refinaria nos Estados Unidos. 

“Não se tratou de mau negócio ou de erro de gestão. Houve má-fé, mesmo. Foram condutas intencionalmente cometidas”, diz ministro.
Após apontar um prejuízo à Petrobras de US$ 659,4 milhões na negociação da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, o ministro da Controladoria Geral da União (CGU), Jorge Hage, disse que a empresa optou por estimativas futuras em vez de levar em conta o cenário do momento. “Não se tratou de mau negócio ou de erro de gestão. Houve má-fé, mesmo. Foram condutas intencionalmente cometidas”, disse o ministro ao jornal O Globo.

Hage afirmou que serão instalados 22 processos administrativos contra as pessoas identificadas na investigação da CGU. “Tem processo que pode levar à demissão de quem ainda está na empresa. Os comprovadamente envolvidos serão proibidos de voltar ao serviço público”, declarou ao Globo.

Entre os alvos dos processos, estão ex-dirigentes, empregados e ex-empregados da Petrobras, como o ex-presidente José Sérgio Gabrielli e os ex-diretores Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa, Renato Duque e Jorge Zelada.

O relatório da CGU aponta erro na aquisição da primeira metade da refinaria, em 2006. O Estudo de Viabilidade Técnica e Econômica (EVTE), feito pela estatal, segundo a Controladoria, não levou em conta todas as premissas aplicáveis ao negócio, as quais resultariam na redução do valor máximo para a compra.

Para a CGU, a Petrobras deveria ter discutido cenários mais favoráveis nas negociações. A direção da estatal brasileira também ignorou cláusulas contratuais que beneficiavam a belga Astra Oil, antiga proprietária da refinaria, que não estabelecia a divisão igualitária dos riscos do negócio.

O relatório, encaminhado anteontem (16) à Petrobras, pede que a empresa tome as medidas necessárias para buscar o ressarcimento dos US$ 659,4 milhões perdidos pela estatal no negócio.

CUBA E EUA: O INÍCIO DO FIM DO BLOQUEIO

Por FREI BETTO - Via Brasil de Fato - 

Obama admitiu que “o isolamento não funcionou.” De fato, o bloqueio imposto à Cuba, ao arrepio de todas as leis internacionais, não conseguiu nem mesmo fragilizar a autodeterminação cubana após a queda do Muro de Berlim.
O papa Francisco, ao comemorar ontem 78 anos, deu um inestimável presente ao Continente americano: o início do fim do bloqueio dos EUA à Cuba e o reatamento das relações diplomáticas entre os dois países.

Este foi o tema que Francisco priorizou com Obama no encontro que mantiveram, em Roma, em março deste ano. Um ano antes, ao assumir o pontificado, Francisco se inteirou da questão ao receber Diaz-Canel, primeiro vice-presidente do Conselho de Estado de Cuba.

Obama admitiu que “o isolamento não funcionou.” De fato, o bloqueio imposto à Cuba, ao arrepio de todas as leis internacionais, não conseguiu nem mesmo fragilizar a autodeterminação cubana após a queda do Muro de Berlim.

Fidel, aos 88 anos, sobrevive a oito presidentes dos EUA, dos quais enterrou quatro. E a mais de 20 diretores da CIA.

Os EUA são lerdos para admitir que o mundo não é fruto de seus caprichos. Por isso, demorou 16 anos para reconhecer a União Soviética; 20 para o Vietnã; e 30 para a República Popular da China. E foram precisos 53 anos para aceitar que Cuba tem direito à sua autodeterminação, como já sinalizara a Assembleia Geral da ONU.

De fato, EUA e Cuba jamais romperam o diálogo. Em Washington funcionou, ao longo de cinco décadas, a legação cubana, assim como em Havana o prédio da legação usamericana ergue-se majestoso no Malecón.

A notícia dessa reaproximação marca o fim definitivo da Guerra Fria em nosso Continente. E Cuba sai no lucro, pois oferece uma infraestrutura turística sadia, despoluída e isenta de violência a 1 milhão de canadenses que, no inverno, com três horas de voo, trocam 20 graus negativos por 30 positivos do mar do Caribe.

Com a abertura do mercado cubano a investimentos estrangeiros, os EUA, que raciocinam em cifrões, não querem ficar atrás da União Europeia, do Canadá, do México, do Brasil e da Colômbia, que selam importantes parcerias com a Ilha revolucionária. “Em vez de isolar Cuba, estamos isolando somente o nosso país, com políticas ultrapassadas”, disseram em carta a Obama os parlamentares estadunidenses Patrick Leahy (democrata) e Jeff Flake (republicano) ao retornarem de Havana.

Em troca de Alan Gross, agente da CIA detido em Cuba por ações terroristas, Obama liberou,ontem, três dos cinco cubanos presos nos EUA, desde setembro de 1998, acusados de terrorismo (dois já tinham sido soltos).

Na verdade, tratavam de evitar, na Flórida, iniciativas terroristas de grupos anticastristas. E foram usados como bucha de canhão pelo FBI e por grupos de direita para impedir, na época, a reaproximação entre EUA e Cuba.

O tribunal de Atlanta havia admitido, por unanimidade, que as sentenças aplicadas a três dos cinco cubanos (Hernández, Labañino e Guerrero, libertados ontem) careciam de fundamento jurídico: não houve transmissão de informação militar secreta, nem puseram em risco a segurança dos EUA.

Como me disse a presidente Dilma em encontro a 26 de novembro, Francisco é, sem dúvida, o grande líder mundial nesse mundo carente de figuras confiáveis e respeitáveis.

Supremo aceita delação premiada de Youssef

Por Mario Coelho - Via Congresso em Foco - 

Ministro Teori Zavascki, responsável pelo processo da Operação Lava Jato no STF, homologou hoje o acordo do doleiro, apontado como um dos mentores do esquema de lavagem de dinheiro na Petrobras. 

Após analisar o processo, Teori Zavascki homologou a delação de Youssef.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki homologou nesta sexta-feira (20) o acordo de delação premiada com o doleiro Alberto Youssef feito na Operação Lava Jato. Com a decisão, o teor das declarações de Youssef retomam para o Ministério Público Federal (MPF) analisar o conteúdo, pedir novas investigações, comparar indícios e buscar evidências.

A homologação por Zavascki ocorreu no mesmo dia em que o jornal O Estado de S. Paulo divulgou lista com 28 nomes de políticos com foro privilegiado no STF e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) citados na delação premiada de outro investigado no esquema, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Caberá ao MPF individualizar as condutas após os depoimentos de Youssef e de outros que assinaram delações premiadas, como o executivo da Toyo-Setal Júlio Camargo.

Segundo o Estadão, são 8 políticos do PMDB, 10 do PP, 8 do PT, 1 do PSB e 1 do PSDB que compunham o “consórcio partidário” que operava desvios em contratos bilionários sob responsabilidade do departamento comandado por Costa. Entre os nomes estão o governador do Acre, Tião Viana (PT), reeleito em 2014, além dos deputados Vander Luiz dos Santos Loubet (PT-MS), Alexandre José dos Santos (PMDB-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG) e José Otávio Germano (PP-RS).

Com a individualização das condutas, o MPF pode apresentar novos pedidos de investigação ao STF. Somente a mais alta corte do país tem o poder de autorizar abertura de inquéritos e ações penais contra deputados federais, senadores e ministros de Estado. Ao STJ cabe analisar acusações contra governadores. Políticos sem foro privilegiado são julgados pela primeira instância.

O caso originalmente está baseado na Justiça Federal no Paraná. Lá, o juiz Sérgio Moro aceitou denúncia contra 39 pessoas, todas sem foro privilegiado. Entre os réus em ações penais estão Youssef, Paulo Roberto, os ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Renato Duque, executivos de empreiteiras como OAS, Odebrecht, Camargo Corrêa, UTC e Galvão Engenharia. 

Citado em lista de propina. PMDB acredita que reeleição de Renan no Senado corre risco

Por Nivaldo Souza e Daiene Cardoso - Via AE -

Eles também acreditam que lista de Paulo Roberto Costa com políticos pode inviabilizar a nomeação de Henrique Alves a ministro de Dilma no segundo mandato. 
Para peemedebistas, Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, e Renan Calheiros, presidente do Senado, serão prejudicados no ano que vem (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado).
A revelação da lista com 28 políticos beneficiados no esquema de corrupção na Petrobrás, publicada nesta sexta-feira pelo Estado de S. Paulo, a partir da delação premiada do ex-diretor da estatal Paulo Roberto Costa ao Ministério Público Federal, pode atrapalhar os planos do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).

Peemedebistas ouvidos peloBroadcast afirmaram que, se for comprovada a relação de Calheiros com o esquema, o senador alagoano não terá condições de viabilizar sua candidatura à reeleição da principal Casa do Congresso Nacional.

“O Renan está enfraquecido e pode ficar ainda mais se aparecer na lista do Youssef”, diz um peemedebista, sobre a expectativa da revelação dos nomes apresentados pelo doleiro Alberto Youssef. “O peso (contra Calheiros) virá da delação do Youssef”, sugeriu.

Henrique Alves está ameaçado de não conseguir se viabilizar como ministro no segundo mandato de Dilma. Ele negocia com apoio do vice-presidente Michel Temer (SP) uma indicação para o Ministério da Previdência Social e esteve também entre os cotados para Integração Nacional.

Deputados peemedebistas foram cautelosos ao comentar a revelação dos 28 políticos mencionados pelo ex-diretor e afirmaram que citação não é prova de envolvimento com o esquema de corrupção na Petrobras. “Por enquanto, prefiro achar que (a delação) não compromete ninguém. Logicamente é desconfortável, mas não tem nada efetivamente”, comentou o deputado Lúcio Vieira Lima (BA).

Alguns parlamentares se surpreenderam com a inclusão de Alves na lista de Paulo Roberto Costa. O assunto deverá entrar na pauta da reunião de Temer com a bancada do PMDB na próxima segunda-feira (22). O foco da conversa será o espaço do PMDB na reforma ministerial. 

Bloquinho
A tentativa de reeleição de Calheiros já estava sendo contestada nos bastidores pela oposição ao governo Dilma Rousseff, especialmente o PSDB. Agora, senadores do PT e outros partidos da base já estariam conversando sobre não votar pela recondução do presidente do Senado ao cargo. Esse grupo seria formado até agora por 30 dos 81 senadores que compõem a Casa.

O bloco de senadores resistentes à reeleição de Calheiros começou a ser formado quando o presidente da Transpetro, Sérgio Machado, foi citado por Paulo Roberto Costa como integrante do esquema.

Machado chegou ao cargo por indicação de Calheiros e está de licença, depois que a consultoria PriceWaterhouseCoopers se recusou a fazer a auditoria do balanço da Petrobrás enquanto ele permanecesse no comando da Transpetro. 

Cunha
Peemedebistas da Câmara dos Deputados tentaram desvincular a imagem do líder da bancada Eduardo Cunha (RJ) do atual presidente Henrique Alves, citado na delação do ex-diretor da Petrobrás. Cunha é favorito para suceder Alves na presidência da Casa.

Por não ter mais mandato parlamentar na próxima legislatura, os peemedebistas consideram que denúncias contra Alves não terão reflexo sobre a candidatura de Eduardo Cunha.

Na avaliação dos peemedebistas, a lista de Paulo Roberto não traz prejuízos à campanha de Cunha. “O candidato é o Eduardo Cunha e não o Henrique”, disse o deputado Leonardo Picciani (RJ).

O parlamentar do Rio de Janeiro pregou que o Ministério Público Federal revele o quanto antes o conteúdo da delação premiada. “É preciso saber o contexto em que as pessoas estão sendo citadas”, declarou.

Já o deputado Danilo Forte (CE) lembrou que a nova legislatura começará sob a pressão da sociedade e que a delação indica que o “modus operandi do processo político do País” está falido. “Vai ter reflexo com certeza na eleição das Mesas Diretoras e na indicação para os ministérios”, concluiu.

Gabriel Medina é o primeiro brasileiro campeão mundial de surf

Por Mariana Rennhard e Aguinaldo Melo - Via ESPN -  

Gabriel Medina é campeão mundial de surf 2014. O título, inédito para o Brasil, veio após ver seu ídolo de infância, o australiano Mick Fanning, ser derrotado pelo brasileiro Alejo Muniz no Round 5 do WCT Pipe Masters, realizado em Pipeline, no Havaí. Gabriel dependia apenas de si para ser campeão, mas a matemática também o favorecia, dependendo do resultado de seus rivais Kelly Slater e Mick Fanning.

Gabriel Medina comera o primeiro título mundial de brasileiro de surf. Jovem detona lenda Kelly Slater.
Após cinco dias consecutivos sem ondas, o Pipe Masters foi retomado nesta sexta-feira (19/12). No Round 3, Gabriel Medina fez sua parte, vencendo a bateria e, com isso, eliminou Slater da briga pelo título. Em seguida, Mick Fanning quase perdeu, o que daria o título ao brasileiro antecipadamente. Foram momentos de tensão. Mas o australiano virou nos últimos minutos e a decisão foi adiada em algumas baterias.

No Round 4, Gabriel Medina enfrentou Filipe Toledo e Josh Kerr. Filipe não perdoou e mostrou que queria vencer. Foi um duelo emocionante entre os dois brasileiros, com trocas de nota a todo instante. Nos últimos minutos, Medina virou a bateria, rumo às quartas de final.

Faltando poucos minutos para entrar a bateria de Medina nas quartas de final, Mick Fanning enfrentou uma bateria com poucas ondas e extremamente disputada contra o brasileiro Alejo Muniz, que já havia eliminado Kelly Slater da competição, e selou o destino de Mick Fanning, entregando o título para Gabriel Medina.

Com a vitória, Gabriel entrou para a história, de fato. Fez com que seu nome nunca seja esquecido e que sirva de exemplo para outros brasileiros não só no surf, mas no esporte. Uma verdadeira sensação. Mas não há motivos para demonstrar surpresa com o título mundial ou com o excelente desempenho de “Gabe” nesta temporada 2014. Sua luta, seus esforços e suas vitórias vêm de muito antes. De forma que esse troféu vem coroar, em bom tempo, uma preparação de anos.

É preciso fazer uma pequena retrospectiva para que se entenda que o título mundial tem ainda mais significado na carreira de Medina e na história do surf brasileiro. Gabriel foi o mais jovem brasileiro a ingressar no tão disputado circuito da ASP. E essa posição, é claro, só poderia ser alcançada com muitos outros bons resultados anteriores.

Sua entrada no Tour, aos 17 anos, já foi um grande feito. Nem os mais otimistas poderiam adivinhar o que Gabriel, ainda tão jovem, era capaz de fazer como “novato” no seleto grupo dos 36 melhores surfistas do mundo. Acontece que, em 2011, ele entrou no “meio” do WCT, restando cinco etapas a serem disputadas. E venceu duas delas: na França, contra Julian Wilson, sua segunda competição entre as estrelas do surf, e em San Francisco, contra Joel Parkinson. Sinal do que aconteceria três anos depois? Naquele ano, Kelly Slater, derrotado por Medina duas vezes, chegou a dizer: “Com certeza esse garoto vai ganhar vários títulos mundiais”. Um ele já ganhou. Que venham os próximos. 

A TRAJETÓRIA DE MEDINA ATÉ O TÍTULO 

Gabriel começou o ano com o pé direito - literalmente, já que ele surfa com esse pé à frente da prancha. Venceu a primeira etapa do Circuito Mundial, na Gold Coast, Austrália. O primeiro brasileiro a vencer nessas ondas australianas. Sinal de uma bela e inédita história que estava sendo escrita a partir dali.

Nas três etapas seguintes - Bells Beach, Margaret River e Rio de Janeiro - ficou sem vencer, mas ainda manteve resultados consistentes. Só perdeu a liderança do ranking após a etapa brasileira. Ninguém precisava se preocupar, porque ele estava prestes a vestir a lycra amarela (utilizada nas baterias apenas pelo número um do ranking) novamente.

Talvez algum outro atleta tivesse perdido a confiança. Medina, não. Chegou a Fiji com força, determinação e muita técnica. Mais uma vez, foi campeão. A partir dali, até quem não acreditava que ele poderia ser campeão mundial tão cedo começou a considerar essa hipótese.

Veio Jeffreys Bay. Gabe estava com sede de vitória. Não conseguiu, mas chegou até as quartas, garantindo ainda mais pontos e consolidando sua liderança. Menos de um mês depois, venceu o Billabong Pro Tahiti, nas clássicas, épicas e temidas ondas de Teahupoo, mostrando que estava pronto para enfrentar quaisquer condições ao redor do planeta.

Foi para Trestles para tentar consolidar ainda mais seu lugar no ranking e colocar uma mão na taça. Não conseguiu. Ainda tinha França e Portugal para assegurar o resultado. Em terras lusitanas, inclusive, ele poderia ter se consagrado campeão mundial. Mas foi eliminado precocemente no Round 3 e a disputa final foi levada para o Havaí. Com muitas variáveis e contas matemáticas entre as possibilidades de Medina, Mick Fanning e Kelly Slater, os três candidatos ao troféu.

Gabriel Medina não se deixou abalar. Era o único que dependia de si mesmo para ser campeão do mundo, bastando chegar à final do Pipe Masters. Tirou todas as chances de Slater ao vencer sua bateria contra Dusty Payne no Round 3. 

UMA CONQUISTA TAMBÉM PARA O BRASIL 

A conquista de Gabriel Medina representa um marco em sua carreira, mas também uma grande contribuição para o surf brasileiro, que vem lutando para ganhar espaço no cenário mundial há bastante tempo. Hoje, o Brasil é o terceiro país com maior número de representantes no circuito da ASP, atrás de Austrália e Estados Unidos.

Gabriel Medina, Adriano de Souza, Filipe Toledo, Jadson Andre, Alejo Muniz, Raoni Monteiro e Miguel Pupo fazem parte do chamado “Braziliam Storm” (Tempestade Brasileira) do surf, sempre tentando levantar nossa bandeira no ponto mais alto do pódio. Mas, no passado, as coisas eram mais difíceis para os brasileiros. “Hoje, a principal diferença no surf do Brasil é que a gente tem uma geração que nasceu dentro de um cenário já sem preconceito, com pais e avós que pegam onda. O surf já criou uma certa cultura aqui no país, além do que existe um profissionalismo que garante a vida do atleta profissional”, comenta Edinho Leite, que surfista há mais de 20 anos e jornalista especializado no esporte.

Antes da geração liderada por Adriano de Souza e, agora, Gabriel Medina, houve quem tenha lutado para que o Brasil recebesse a devida atenção e importância no mundo do surf, dominado por um pensamento anglo-saxão, como Renan Rocha. "Eu e outros surfistas nos unimos, e foi isso que criou a bandeira do Brasil lá no meio. Foi na raça, na briga, na porrada. Tivemos que debater notas, julgamentos, impor respeito, ir contra uma sociedade monopolizada por australianos, havaianos e americanos que nada sabiam a respeito da nossa cultura", diz Rocha.

Mesmo assim, ainda há muita evolução que o surf brasileiro pode alcançar. Se o Brasil, agora, tem finalmente um campeão mundial, é porque muita gente se esforçou visando esse objetivo, inclusive Gabriel Medina.

19.12.14

REFORMA POLÍTICA, ELEIÇÕES E OS BILHÕES

Por HÉLIO DUQUE - Via AD - 

Eleição com custo oficial de R$ 5 bilhões é matriz de corrupção. Em 2014, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), baseado na prestação de contas das campanhas dos candidatos, em todos os níveis, encontrou a astronômica cifra de R$ 4,92 bilhões. Observem que são números oficiais, não sendo considerados os custos “extra oficiais”, presentes em qualquer campanha política. Com segurança, pode-se estimar muito acima de R$ 2 bilhões.

O maior financiador foi o grupo JBS (frigorífico Friboi), no montante de R$ 391 milhões. Empresa que tem forte alavancagem de dinheiro do BNDES, a juros subsidiados. O “ranking” dos outros seis maiores financiadores: Odebrecht, R$ 111 milhões; Bradesco, R$ 100 milhões; Andrade Gutierrez, R$ 86 milhões: OAS, R$ 80 milhões; Vale, R$ 78 milhões; e Queiroz Galvão, R$ 75 milhões.

Falando francamente: em verdade nada tem de “doação”, é investimento seguro garantidor de vantagens futuras. É um circulo viciado que urgencia ser combatido. E não pode ser com o financiamento público, como defende alguns. Mas certamente, também não, com o atual sistema de qualquer empresa poder “doar” 2% do faturamento bruto do ano anterior. Limitar a contribuição empresarial, fixando valor com teto máximo agregado ao tamanho da empresa é necessário. Sepultando o festival reinante.

Sem profunda reforma política, a partir do Congresso Nacional, o enfrentamento das distorções do financiamento de partidos por pessoas jurídicas continuará intocável.

Em tempo: tramita no STF (Supremo Tribunal Federal) proposta focada na proibição do financiamento de partidos por empresas. Dos 11 ministros, 6 já votaram pela proibição. A medida pode se tornar inócua, ante emenda constitucional congressual. Diante dessa realidade, o ministro Gilmar Mendes, pediu vista, entendendo que o Judiciário não é fórum apropriado para iniciar reforma política.

O novo Congresso que assumirá a legislatura 2015 a 2018, pode dar o primeiro passo na reforma política. Inicialmente com implantação de duas fundamentais medidas: a  aprovação da cláusula de barreira e eliminação das coligações partidárias nas eleições proporcionais. Com a primeira, as legendas sem representatividade, sustentadas pelo fisiologismo, desapareceriam do ativismo político.

A exigência de 5% de votos em 9 Estados, impediria a atuação congressual, ficando sem os recursos do Fundo Partidário, igualmente do horário no programa eleitoral. Com a segunda, se baniria da vida política, com a proibição de coligações nas eleições proporcionais, frentes heterogêneas e oportunistas que misturam alhos e bugalhos.

Aprovando a cláusula de barreira concomitantemente com o fim das coligações, estrutural mudança ocorreria na vida política nacional. Por exemplo, fundar partidos no Brasil passou a ser “negócio de alta rentabilidade”. O Fundo Partidário, até novembro, distribuiu aos partidos com estatuto registrado, R$ 375 milhões.

No Congresso 28 partidos tem representação parlamentar. E no TSE, consta existir 41 processos de registros para à criação de novos partidos. A desenvoltura audaciosa dos bucaneiros políticos é fantástica.  Se vigente a cláusula de barreiras, nas ultimas eleições, 5 dos 28 partidos não elegeriam deputados federais. 182 cadeiras parlamentares teriam outros titulares e não os deputados que irão ocupá-las. Pela razão de apenas 7 partidos terem alcançado representação política nacional: PT, PMDB, PSDB, PSD, PP, PSB e PR. As outras 21 legendas não teriam representantes na  legislatura que agora se inicia.

Eliminando as coligações, o eleitor não mais ficaria surpreendido com o surgimento de nomes desconhecidos que o seu voto legitimou com o mandato. O professor Jairo Nicolau, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, exemplifica: “A coligação transfere voto sem que o eleitor tenha informação disso. A pessoa pode ter votado em um partido da situação para deputado federal, mas, pela composição da coligação estadual, acaba elegendo um deputado de oposição.”

Paralelamente deveria estudar a adoção do voto distrital misto. Das várias modalidades conhecidas, o sistema misto alemão seria o mais adequado para o Brasil. Metade dos deputados são eleitos pelos distritos, onde vence o mais votado. Mantendo o princípio proporcional, a outra metade é votada em listas dos partidos. O voto de legenda faz o cálculo do número de cadeiras que o partido ocuparia no legislativo. O poder econômico teria o seu raio de influência reduzido a limites mínimos e os partidos de aluguel desapareceriam.

Por fim, nas eleições de 2014, o Brasil teve a eleição mais cara e milionária para o Congresso Nacional. O jornal “O Estado de S.Paulo” (9-11-2014), fundamentado em números do TSE, dizia em manchete: “As 10 empresas que mais doaram ajudam a eleger 70% da Câmara. Os 10 maiores doadores contribuíram financeiramente para a eleição de 360 dos 513 deputados federais na nova Câmara”.

O sistema de financiamento de campanhas, alimentador dos partidos políticos brasileiros, diante dessa realidade, comprova que a representação popular é ficcional. O PPE (Partido do Poder Econômico) é o poder majoritário nas eleições no Brasil.

PIOR DO QUE O ATUAL, SÓ O PRÓXIMO

CARLOS CHAGAS -

E a reforma política, cantada em proza e verso durante a recente campanha presidencial? Saiu pelo ralo, porque nem Dilma Rousseff tocou outra vez no tema, nem o Congresso aproveitou o final de mandato senão para votar, ao menos para equacionar o trabalho da próxima Legislatura. Sequer o Supremo Tribunal Federal deu continuidade ao julgamento que proíbe empresas privadas de doarem recursos para as campanhas. Os três poderes da República demonstraram não falar a sério quando levantaram a ponta do tapete da reforma política, preferindo deixar a sujeira debaixo dele.

A presidente da República chegou a anunciar a disposição de ver convocada uma Assembleia Constituinte exclusiva, aliás, uma grossa bobagem, mas sentindo a impossibilidade jurídica da proposta, esqueceu da reforma propriamente dita.

Deputados e senadores reeleitos sob a promessa de mudarem regras eleitorais e institucionais demonstram que não falavam a sério. Afinal, seria suicídio alterar a legislação que serviu para preservar seus mandatos.

Na mais alta corte nacional de justiça, quatro votos já haviam sido dados pela proibição das doações empresariais, mas há mais de seis meses que o ministro Gilmar Mendes pediu vistas e engavetou sua opinião.

Em suma, nada de novo sob o sol. As campanhas continuarão à mercê de operações de compra e venda, quer dizer, os eleitos beneficiados pelas doações pagarão aprovando projetos de interesse dos doadores. A diminuição do número de partidos esbarra na lambança do aluguel oferecido pelas pequenas legendas a quem se dispuser pagar mais. Do voto distrital não se cogita porque levará o eleitor a cobrar mais empenho dos eleitos. Nem se pensa na revogação da reeleição, que como regra dobra o tempo de permanência dos governantes no governo, precisamente pelo uso imoral das estruturas do poder. Acabar com a triste figura dos suplentes de senador significa suprimir sinecuras e obrigar os senadores eleitos a trabalhar. Mudar a forma de indicação dos ministros do Supremo Tribunal Federal equivale a tirar do Executivo a possibilidade de escolher juristas amigos e amestrados. Trocar o presidencialismo pelo parlamentarismo seria fechar as portas para o caudilhismo.

E assim por diante, ou seja, ninguém quer mudar nada capaz de alterar privilégios e distorções. Razão tinha o dr. Ulysses quando sentenciou que pior do que o atual Congresso, só o próximo…

CRISE PETROLÍFERA OU CRISE DO MODELO ECONÔMICO?

Por WLADMIR COELHO - Via Política Econômica do Petróleo - 
1 - O declínio no preço do petróleo aprofundou a crise financeira e muitos analistas apontam o fato como rompimento de mais uma bolha. Será?
Enquanto isso, no Brasil, a Petrobras é atacada por todos os lados, mas poucos ousam apontar a origem das dificuldades da empresa situada na incompreensão de sua função: A Petrobras foi criada para garantir a auto suficiência nacional e ponto.
A transformação da empresa em “concorrente” das chamadas “BIG OIL” não passa de uma estratégia, iniciada durante a ditadura militar, para a sua destruição. Enquanto durar o discurso mercadológico relativo a crise da Petrobras não será possível a sua superação.
A estatização da Petrobras torna-se, neste momento, a única forma de salva-la garantindo a segurança energética nacional base para o planejamento econômico e conseqüente ampliação das políticas sociais.
2 – As empresas petrolíferas diante das dificuldades originadas  com a queda no preço do petróleo tratam de garantir os seus lucros. A British Petroleum (BP) recebeu do governo do Reino Unido elevados subsídios e pede mais, todavia brinda os trabalhadores com demissões em plena época natalina.
Superar eventuais prejuízos com dinheiro do povo tornou-se a prática dos grandes grupos econômicos. A BP desde sua fundação, no inicio do século passado, paga os seus acionistas graças aos recursos retirados dos cofres públicos e mesmo assim alimenta o mito da competência do setor privado.
A explosão que matou e poluiu no Golfo do México, uma das tragédias na qual a BP encontra-se envolvida, resultou de uma política de redução dos custos com aplicação de materiais de baixa qualidade. Os manuais do lucro classificam este tipo de aventura como eficiência.
Ao Estado, segundo estes manuais, restaria a ineficiência cuja tradução seria a aplicação de políticas sociais.
Voltamos à Petrobras: Chegou o momento da desapropriação das ações de propriedade dos grupos de investimentos para garantir ao povo brasileiro o efetivo controle do bem econômico Petróleo.
3 – Abaixo algumas notas  a respeito da crise:
DEMISSÕES NA BRITISH PETROLEUM
A petrolífera comunicou que pretende demitir centenas de trabalhadores na Inglaterra como forma de compensar alegados prejuízos no Golfo do México (decorrentes da explosão em 2010) e queda no preço do petróleo.
Shell, Statoil, Chevron também efetivaram demissões.
AUSTRÁLIA: DESVALORIZAÇÃO DAS EMPRESAS PETROLÍFERAS
A dependência de receitas originadas nas commodities revelam a sua fragilidade e colocam em alerta diferentes governos. Como sabemos a Austrália rivaliza com o Brasil o controle do  mercado de minério de ferro.
As empresas australianas, segundo diferentes jornais, apresentaram na última semana desvalorização de suas ações em conseqüência da queda no preço do petróleo e minério de ferro.
A petrolífera Santos, por exemplo, terminou na semana passada com queda de 17%, a Oil Search entre a baixa de 8,5 e alta terminou a semana em queda de 3,5%, a Fortesque Metals Group perdeu 10.9%.
CANADÁ: CORTES NOS GASTOS SOCIAIS

O governo da província de Alberta anunciou a possibilidade de cortes orçamentários em função da queda do preço do petróleo. O comunicado oficial prevê cortes no valor de US$ 7 bilhões no orçamento.

CRISE NO BRASIL, QUE CRISE? "NINGUÉM SABE DE NADA"

ROBERTO MONTEIRO PINHO -
 A globalização econômica que vivemos, não vem sendo nada alvissareira para o planeta. A partir de 2011 a crise econômica se espalhou pelos quatro cantos do mundo, derrubando índices das bolsas de valores e criando um clima de pessimismo na esfera econômica mundial. Entre os sinais da fragilidade na região europeia, o Endividamento público elevado, principalmente de países como, Grécia, Portugal, Espanha, Itália e Irlanda. Como complicador falta coordenação política da União Europeia para resolver questões de endividamento público das nações do bloco.

Consequentemente temos a fuga de capitais de investidores, escassez de crédito, aumento do desemprego, descontentamento popular com medidas de redução de gastos adotadas pelos países como forma de conter a crise, diminuição dos ratings (notas dadas por agências de risco) das nações e bancos dos países mais envolvidos na crise, queda ou baixo crescimento do PIB dos países da União Europeia em função do desaquecimento da econômica dos países do bloco.

O ano de 2013 não começou bem para a União Europeia. O PIB do bloco econômico apresentou retração de 0,2% no primeiro trimestre do ano. No segundo trimestre de 2013 a economia do bloco apresentou uma leve recuperação, saindo do estado de recessão. A economia da União Europeia e da Zona do Euro cresceram 0,3% neste período, em comparação ao trimestre anterior. Foi pouco, mas serviu de patamar de resistência a forte pressão que a região vinha sofrendo.

Assim em efeito a crise europeia, veio à contaminação da crise para países, fora do bloco, que mantém relações comerciais com a União Europeia, inclusive o Brasil. Crise que pode, na opinião de economistas, causar forte recessão econômica mundial.

Os agentes envolvidos na salvação do caos que se avizinha, querem a: Implementação de um pacote econômico anticrise (lançado em 27 de outubro de 2011); Maior participação do FMI (Fundo Monetário Internacional) e do Banco Central Europeu nas ações de enfrentamento da crise; Ajuda financeira aos países com mais dificuldades econômicas como, por exemplo, a Grécia e a definição de um Pacto Fiscal, que será ratificado em 2012, cujos objetivos são: garantir o equilíbrio das contas públicas das nações da União Europeia e criar sistemas de punição aos países que desrespeitarem o pacto (o Reino Unido não aceitou o pacto, fato que aumentou a crise política na região).

Este cenário pouco mudou em relação a 2014. A Europa subtraída pelos países emergentes (Índia e China), por exemplo: continuam produzindo e exportando a preços abaixo da média mundial, com isso encolhendo a produção dos países importadores.

No Brasil após as eleições que reelegeram Dilma Rousseff a presidência, temos o impasse na formação do novo gabinete. Dizer aqui que o Brasil está em crise econômica seria leviano, mas que devemos acender o “alerta”, revigorar nossas forças na produção, e dosar nossas ações empreendedoras para que não comprometa nossas reservas é o ideal.

A crise que assistimos é moral. Lava-jato, Pasadena, Petrobras, Eletrobrás, as empreiteiras, com seus diretores de “mãos sujas”, e agentes do governo envolvidos em denuncias e mais denuncias de corrupção, nos remete ao encontro da crise europeia que caminha a passos largos para seu exterior. Avalio, teremos altas ondas e muita turbulência, e provável desemprego. Ou será que ninguém "sabe de nada?".

CUBA: UMA JOGADA MAGISTRAL DE OBAMA

Por JOSÉ ANTONIO LIMA - Via Carta Capital -

Ao mudar o relacionamento com a ilha, o presidente dos EUA reforça seu legado e amplia as chances do candidato democrata em 2016.

Obama durante o discurso em que anuncia a mudança nas relações com Cuba. Este foi um de seus maiores acertos.
Ao anunciar o restabelecimento de contatos diplomáticos com Cuba na quarta-feira 17, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, realizou uma jogada de mestre. Cuidadosamente preparada por 18 meses de negociações secretas, a guinada histórica da Casa Branca, que tem como objetivo o fim do embargo imposto à Ilha em 1963, melhora a percepção externa dos EUA na América Latina, coloca no legado de Obama mais um fato positivo e pavimenta o caminho para o candidato democrata em 2016 obter vantagem significativa no cada vez mais importante eleitorado hispânico nos EUA.

No discurso em que justificou a mudança de paradigma no relacionamento com Cuba, Obama expressou argumentos usados há pelo menos duas décadas e meia pela esquerda democrática latino-americana e por pessoas de bom senso em geral. Obama classificou o embargo como parte de uma “abordagem antiquada”, que “falhou”, e lembrou as relações de Washington com a China, governada há décadas por um Partido Comunista, como Cuba. “Esses 50 anos mostraram que o isolamento não funciona. É hora de uma nova abordagem”, afirmou.

Ao mudar a política para Cuba, Obama reconheceu o óbvio. As restrições impostas à ilha são mais prejudiciais à população do que ao regime castrista. Por isso, negócios, investimentos e transações financeiras com Cuba serão facilitados, assim como a obtenção de equipamentos eletrônicos, o que certamente ampliará o acesso à internet no país caribenho, hoje precário. A intenção é integrar Cuba à comunidade internacional e, a partir daí, renovar os apelos por mais liberdade aos cidadãos. “Estou convencido de que por meio de uma política de engajamento, podemos mais efetivamente defender nossos valores e ajudar o povo cubano a ajudar a si próprio na entrada do século 21”, disse Obama.

A frase pode parecer ingênua, mas é desta forma que Mianmar, por exemplo, tem realizado mudanças em seu sistema político. Ao abandonar a estratégia do isolamento, um entulho da Guerra Fria, e abrir a possibilidade do diálogo, Obama dá um passo civilizatório e demonstra que os relacionamentos dos Estados Unidos na América Latina não precisam mais ser feitos sob a ponta das armas, mas por meios diplomáticos. O alívio no tratamento dispensado a Cuba era um pleito antigo da imensa maioria dos países latinos e, não à toa, a decisão de Washington foi tão bem recebida por líderes regionais.

Nos próximos dois anos de Obama na Casa Branca, o anúncio feito neste 17 de dezembro pode servir de incentivo para um diálogo interamericano mais auspicioso. Não foi à toa que Obama lembrou de Miami em seu discurso, cidade que, segundo ele, representa a “abertura dos EUA a nossa família no sul” e emendou, em castelhano: “Todos somos americanos”.

Cabe lembrar, também, que a decisão de mudar as relações com Cuba é uma promessa de campanha de Obama, feita em 2009. Em janeiro, quando CartaCapital defendeu a participação do Brasil na construção do porto de Mariel, em Cuba, não se tratou de uma premonição ou palpite, mas de uma análise baseada  nos abundantes sinais de que o presidente dos Estados Unidos desejava cumprir essa promessa, o que abriria uma possibilidade importante de negócios para o Brasil. Os indícios iam desde declarações públicas de Obama até o aperto de mão em Raúl Castro no funeral de Nelson Mandela, passando pelo relaxamento de restrições ao embargo.

Faltava a Obama o espaço político para tomar essa decisão, e ele surgiu agora, após o fim das eleições de meio de mandato para a Câmara e o Senado dos EUA. Sem o risco de prejudicar seu partido nas urnas, Obama tem tomado decisões firmes em política externa sem considerar a opinião dos críticos ou a oposição no Congresso, como no diálogo com o Irã e na questão das mudanças climáticas. Após seis anos, e diante do desejo de fazer de seu legado na Casa Branca algo memorável, ficou claro para Obama que nada de bom poderá sair do Legislativo, um poder sequestrado por interesses privados, dividido de forma irrecuperável e incapaz de tomar decisões boas para o país. A renovação das relações com Cuba é uma medida que entra, assim, no rol da contínua conversa com o Irã a respeito do programa nuclear persa e no acerto histórico com a China sobre a redução das emissões de gases do efeito estufa. Obama colecionou uma série de erros de política externa – os drones autorizados por ele continuam matando inocentes, por exemplo – mas esses três temas, Cuba, Irã e aquecimento global, podem dar a ele um lugar digno na história norte-americana, assim como o assassinato de Osama bin Laden.

Por fim, a mudança nas relações com Cuba é o segundo importante aceno de Obama para a comunidade latina em menos de um mês, na sequência da reforma migratória que pode regularizar a situação de cerca de 5 milhões de imigrantes ilegais, a maioria hispânicos. Em fevereiro, uma pesquisa do Atlantic Council mostrou que 56% dos norte-americanos eram favoráveis a uma mudança nas relações com Cuba, porcentagem que chegava a 62% na comunidade hispânica nos EUA e a 63% na Flórida, estado com imensa população latina e decisivo nas eleições presidenciais. Nas eleições presidenciais de 2012, Obama conseguiu uma importante vitória na Flórida e as pesquisas mostraram que, como a maioria dos jovens norte-americanos, os jovens “cubanos nascidos nos Estados Unidos” votaram em peso em Obama, fazendo com que a comunidade, historicamente fiel ao Partido Republicano, desse igual (ou maior, segundo algumas estimativas) número de votos ao Partido Democrata. Mesmo no condado de Miami-Dade, tradicional bastião republicano, Obama teve expressivos 47% dos votos. Ao que parece, Obama caminha para consolidar a impressionante mudança na preferência partidária dos eleitores cubano-americanos. Em 2002, segundo o Pew Research, esses eleitores tendiam a votar no Partido Republicano por uma margem de 40 pontos porcentuais, mas agora os dois partidos praticamente dividem as preferências.

Por óbvio, há resistência ao anúncio feito por Obama. O senador democrata Robert Menendez, filho de cubanos, disse que o acordo “fede” e é “uma recompensa ao totalitarismo de um regime que não a merece”. O senador republicano Marco Rubio, um católico, criticou até o papa Francisco pela intermediação do diálogo e prometeu lutar contra as mudanças. “Estou empenhado a fazer tudo o que puder para desfazer tantas mudanças quanto for possível”, afirmou. A guinada feita pelo governo Obama, sintonizada com o desejo da maioria da população, deve acuar esses ferrenhos defensores do isolamento de Cuba a uma posição constrangedora. Não restam argumentos para manter o isolamento fora da insensatez anacrônica que caracteriza o anticomunismo, como bem sabem os brasileiros que precisam aguentar desvarios sobre bolivarianismo e Foro de São Paulo no debate político nacional. Cada vez mais, ficará claro que os opositores da normalização no relacionamento com Cuba defendem ideias inúteis e obsoletas, que precisarão se reciclar para terem espaço na política.

RESISTIR!

ANDRÉ BARROS - 


Durante anos consecutivos, promovemos Marchas da Maconha por todo Brasil. Tivemos os maiores embates em mais de dez cidades, onde os eventos eram proibidos com ações inominadas impetradas às vésperas pelo Ministério Público e liminares concedidas pelos plantões judiciais na madruga dos sábados.

Protocolamos duas representações que fizeram a Procuradoria Geral da República mover a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental – ADPF – 187 e a Ação Direta de Inconstitucionalidade – ADI – 4274. As representações e ações foram, respectivamente, protocoladas e impetradas em 2009. Por dois anos, ambas ficaram paradas. Entretanto, em 2011, quinze dias depois da brutal repressão realizada pela polícia militar de São Paulo, a ADPF -187 foi colocada em pauta e ganhamos de 9 X 0.

Já vínhamos debatendo no movimento há muito tempo que a maconha medicinal abriria portas para a nossa causa. Plantadores corriam sérios riscos para provar a eficiência da cannabis em diversas doenças. Diante da eficiência da planta para convulsões de crianças que não alcançavam bons resultados com a farmacologia convencional, mães começaram a enfrentar todos os tipos de riscos para que seus filhos usassem a maconha de várias formas. E foram à luta. Compareceram à Marcha da Maconha de 2014, fizeram seus próprios eventos, conseguiram matéria no Fantástico da rede globo e ainda projetaram o sensacional filme “ILEGAL” em diversas salas de cinema por todo o país.

Tudo isso aconteceu num grande movimento coletivo que se fortaleceu nas redes sociais. Diante de tamanha pressão, vimos a aceitação da mídia para o canabidiol – CBD, um dos oitenta canabinóides existentes na maconha. Depois de todas essas lutas, agora vem o biopoder, com supostas tecnologias, querer controlar nossas vidas e tolher nossa liberdade.

O Brasil é um país de terras férteis, com muito sol e água, propício para a produção da maconha. Não podemos aceitar que vire importador de tecnologia farmacêutica de apenas um elemento da maconha, quando podemos e sabemos produzir muito mais. Se um remédio importado pode custar mil reais, qual é a lógica de proibir sua produção gratuita e caseira de pequena quantidade para uso medicinal, em nosso rico país de pessoas tão pobres?

A planta é comum e não podemos aceitar sua apropriação pela tecnologia da indústria farmacêutica. Não podemos concordar jamais com a apropriação de nossos conhecimentos alcançados coletivamente. Se o CBD começa a ser aceito, é fruto das nossas lutas pela legalização da maconha. Isso não pode ser apropriado pelo mercado. O fato do Conselho Federal de Medicina inserir expressamente em sua resolução a proibição do plantio para fins medicinais é, no mínimo, muito estranho.

Da mesma forma que o biopoder busca controlar e se apropriar das nossas vidas com o lobby da indústria farmacêutica, devemos resistir coletivamente à continuidade da proibição da produção da planta e da criminalização da maconha, que é nossa e comum. Vamos engrossar a Marcha da Maconha de 2015 para todos os fins, principalmente pela nossa liberdade de produzir e consumir a maconha no Brasil, pois nossa terra planta liberdade! 

*André Barros, mestre em ciências penais, membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB/RJ, membro do Instituto dos Advogados Brasileiros (IAB) e advogado da Marcha da Maconha.