ROGER MCNAUGHT -
Rio de Janeiro, 2 de
abril - No centro do Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, milhares de pessoas
compareceram ao evento em defesa da democracia que reuniu lideranças e
personalidades políticas de todo o país.
Nas lonas do Circo Voador, já com sua lotação alcançada e
ainda reunindo milhares mais na parte externa, o ato em defesa da democracia
contou com presenças marcantes como a do vereador Leonel Brizola (PSOL-RJ), os
deputados estaduais Carlos Minc (PSB-RJ) e Marcelo Freixo (PSOL-RJ), o vereador
Eduardo Suplicy (PT-SP) e diversas personalidades do cenário político nacional
em uma defesa incisiva do processo democrático e em repúdio aos recentes
assassinatos que comoveram o país e o mundo como o caso da vereadora Marielle
Franco (PSOL-RJ) e seu motorista Anderson, assassinados há menos de 1 mês de
forma brutal e o covarde assassinato de jovens de maricá pelas mãos de
milicianos da região.
Durante todas as falas – que provocaram aplausos e palavras
de ordem do público à todo momento – o consenso da necessidade de reagir à
barbárie fascista se desenvolveu convocando todos e todas para lutar contra a
instauração do medo por parte de grupos extremistas. Na última fala, o ex-presidente Lula fez um
balanço do motivo de tanto ódio, comentando sobre os avanços experimentados
pelo país durante os governos petistas, ressaltando o renascimento de vários
setores industriais e o avanço na área da diplomacia internacional – conquistas
essas rapidamente desmanteladas pelo (des)governo Temer.
Em tom emocionado e indignado, o ex-presidente ainda
ressaltou desejar que o devido processo legal seja observado para corrigir as
injustiças cometidas e para que ele possa concorrer às eleições de forma
democrática.
Infelizmente o que podemos observar nos fatos recentes é um
crescente desrespeito pelos procedimentos legais no país, uma flexibilização
que parece apenas poupar elementos que são, como já dizia o saudoso
ex-governador Leonel de Moura Brizola, “filhotes da ditadura”. Estamos vivendo sob um regime de medo, onde
grupos de ódio invadem todo e qualquer espaço, agredindo e impondo o terror à
população e às comunidades (inclusive comunidades acadêmicas) e a situação não
apresenta prognósticos animadores.
Assassinatos com possível motivação política, disparos de
arma de fogo em direção a veículos onde os passageiros são personalidades
políticas e execuções à luz do dia são apenas o começo. O ovo da serpente já chocou e agora o que
saiu de dentro está se nutrindo, está
crescendo e não retornará ao abismo por vontade própria, precisaremos de
ações enérgicas para enterrar o fascismo mais uma vez.