ADERSON BUSSINGER -
O azul Globo terrestre amanhece hoje (14), neste sábado, em
guerra, com o anunciado bombardeio estadunidense contra a Síria, sob o pretexto
de buscar destruir supostas armas químicas, (lembram-se do Iraque e da farsa
desvendada dos famosos arsenais químicos de Saddam?), quando bem sabemos que o
interesse, de fato, é outro e diz respeito ao petróleo no oriente médio e o
controle imperialista daquele estratégico território sírio, o qual embora não
apoie seu governo, entretanto, não reconheço nos EUA autoridade moral e política
para agir como “salvadores”.
E, por outro lado, aqui em nosso Brasil - importante
destacar - grupos políticos de extrema-direita, embalados pelo discurso (e
armas) de Trump pregam abertamente o golpe militar, no embalo de um recente
golpe parlamentar-judicial que já removeu do poder uma presidente eleita;
patrocinou uma intervenção militar canhestra no Rio de Janeiro; executou-se uma
vereadora negra e de esquerda; prendeu-se através de um processo judicial
questionável e seletivo um ex-presidente nordestino colocado em primeiro lugar
nas pesquisas de intenção de voto para presidente em 2018, e, concomitantemente
os órgãos oficiais de estatística anunciam que, na sequência histórica de
desigualdade no Brasil, estamos mais desiguais e mais pobres ainda!
Este, o momento e o especial signo do tempo em que estamos
vivendo, com uma direita corrupta e hipócrita cada vez mais “dando as cartas”
no Planalto, no STF, no Congresso Nacional, na mídia, no Banco Central do
Brasil, na Petrobras, na Eletrobrás, nas favelas, em Curitiba... Com o apoio de
parte de uma classe média desiludida que através do apoio a uma enganosa
campanha midiática contra a corrupção está embarcando mais uma vez, (como em
1964), em um projeto de viés autoritário, almejando, quem sabe..., trocar de
carro depois das eleições de 2018, viajar para Europa, ou Miami... Em nome da
ordem, da moral e de seus interesses subalternos.
Este, portanto, o que temos neste abril de 2018, com o mundo
iniciando mais uma guerra (ou prosseguindo na mesma escalada...), enquanto
especialmente aqui no Rio de Janeiro prepara-se um “laboratório” de
intervenções militares contra os pobres, uma “fábrica” de novas ilusões para
vender para a mesma classe média iludida, enquanto aumenta-se a matança fardada
nas comunidades da Rocinha, Maré, Alemão, com a velha convivência com o tráfico
que, ante o espetáculo e propaganda, concorda até mesmo em não ser tão
ostensivo na exibição de seus fuzis, (que adquire do tráfico internacional de
armas e desvia dos arsenais da PM e Exército brasileiro...) enquanto prossegue
nos seus negócios milionários, escravizando meninos pobres nas “bocas de fumo”,
sob a conivência do Estado que cada vez mais fecha escolas públicas!
Este, portanto, o mês de abril que temos no Brasil, há mais
de 500 anos da invasão portuguesa e o início do extermínio das nações indígenas
que aqui se encontraram. Aqui neste país que postergou vergonhosamente o quanto
pode adiar o fim (Jurídico) da escravidão negra, e que atualmente segue
fundamentalmente um país dominado e enganado por uma elite burguesa e agrária
mesquinha e predatória! Até quando?
Viva Marielle! A luta continua!
* Aderson Bussinger, advogado, conselheiro da OAB-RJ, integra o MAIS - Movimento Por Uma Alternativa Independente Socialista. Mestre em Ciências Jurídicas e Sociais/UFF, colaborador do site TRIBUNA DA IMPRENSA Sindical, Diretor do Centro de Documentação e Pesquisa da OAB-RJ, membro Efetivo da Comissão de Direitos Humanos da OAB-RJ. Membro Efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros-IAB.