HELIO FERNANDES -
Em todos os lugares o protesto é total contra a
participação do ministro Fux, anulando, sem a menor competência, a autorização
de outro ministro, Lewandowski, para a Folha entrevistar o ex-presidente Lula.
Esqueceram e esquecem outras decisões dele, sem direito e sem competência. Ha 4
anos, em 2015, numa liminar, AUTORIZOU milhares de magistrados, (incluindo ele
mesmo) a receberem mensalmente, 4 mil e 500 reais, a titulo de AUXILIO MORADIA.
Essa liminar (e o pagamento absurdo e indevido) durou e
valeu durante 2015,16 e 17. No fim de 2017, Fux devolveu a liminar ao STF, para
ser votada. Está esperando pauta durante todo este ano de 2018, mas todos
continuam recebendo o auxilio moradia, que não conta para fixar o teto.
Ontem, escrevendo sobre a matéria, mostrei ao presidente
Toffoli do STF e do CNJ, que ele devia falar e anular a arbitrariedade
praticada pelo ministro Fux, ou seria considerado cúmplice. Ele falou ontem mesmo,
mas eis a barbaridade que gravou e publicou: "Não chamo de golpe ou de
ditadura. Pra mim, foi o Movimento de 64". Ele deve estar sentindo o
momento, e se coloca na mesma posição do ministro presidente do STF em 1937,
José Linhares.
Vargas ficou no poder 15 anos, sem vice e sem jamais ter
saído do Brasil. Em 10 de novembro de 1937, implantou a ditadura do
"estado novo". Ostensiva, repressiva, violentíssima. Continuou sem
vice, fechou a Câmara e o senado deixou aberto o STF, (presidido por José Linhares)
que ratificava todos os atos ditatoriais. Incluindo a covarde, selvagem e cruel
extradição de Olga (Prestes) Benario. Ela não foi extraditada para a Alemanha e
sim para a Câmara de gás, que foi o que aconteceu. Com a ratificação unânime
dos ministros do STF.
Em 29 de outubro (sempre outubro), Vargas foi derrubado,
quem assumiu o poder foi Linhares, que comandou a eleição de 2 de dezembro.
PS- Toffoli está cuidando do futuro. Qual a razão de ter
nomeado um general para seu assessor?
MORO CONTRA LULA
O juiz de Curitiba, não é tão inteligente ou competente quando imaginava.
Esteve perto de se transformar em unanimidade nacional, lembrado e falado, até
como presidenciável. Antes de decidir, foi aos EUA três vezes, para conversar.
(Leia-se, receber as ordens definitivas). A primeira, nenhum obstáculo,
liquidar definitivamente a candidatura Lula.
Condenou-o há 9 anos pela "propriedade" do triplex. Ele mesmo
afirmou, quando lhe perguntaram se "tinha provas solidas e
incontestáveis". Respondeu: "não tenho provas, mas confio muito nas
minhas ilações e conclusões". Como 9 anos era pouco, precisava da segunda
condenação para Lula ficar inelegível e ser preso, foi fácil combinar com os desembargadores
do TRF4.
Mais 3 anos era facílimo, passou para 12 anos, o pessoal de Porto Alegre
é compreensível. Mas a decisão de ontem, quebrando o sigilo da delação do
corrupto Palocci, na parte em que acusa e denuncia o ex-presidente é
incompreensível. E provoca mais desgaste para Moro. O que falam em Curitiba e Brasília: Vem ou viria por ai uma nova condenação
para o ex-presidente.
Explicação: Moro teria se acertado com os americanos, e estes estariam assustados.
"Apenas" com a condenação de 12 anos, com a PROGRESSÃO da pena, e o
tempo de prisão, em menos de 4 anos, o ex-presidente estaria em prisão
domiciliar.
Querem que Moro cuide de mais uma condenação. Concordou imediatamente. Quer
ir para o STF na primeira vaga.
O MEDO DA ENTREVISTA DO LULA
Nada mais louvável, que a direção da Folha quisesse entrevistar o ex-presidente. Um
jornal defender a liberdade de expressão é a consagração do jornalismo. Muito
justamente consideraram que precisavam de autorização. Recorreram ao STF.
Sorteado Lewandowski, ele imediatamente autorizou, nada mais compreensível que
um membro do STF defenda a Liberdade de Expressão. Está na Constituição, e a
função mais importante do STF é ser o guardião da Constituição.
Mas nem todos acreditam nisso. Principalmente Toffoli e Fux, infelizmente,
presidente e vice do mais alto tribunal do país. Reunidos, decidiram vetar a
decisão de Lewandowski. A "missão" coube a Fux, anular a decisão de
Lewandowski, para preservar Toffoli.
Lewandowski não se conformou, reafirmou sua disposição, contrariando o incompetente
Fux.
Toffoli entrou em cena, decidiu submeter à questão ao plenário. Que deve
examinar e votar a questão hoje. Lewandowski não pode fazer mais nada, a não
ser votar. Mas ontem criticou dura, pesada, publica e nominalmente os dois
ministros que desrespeitaram a Constituição.
FALTAM 4 DIAS PARA A TRAGÉDIA ELEITORAL DE DOMINGO
Quinta, sexta, sábado, e o domingo da constatação da decadência nacional.
Os parceiros da chapa fardada, mesmo se desentendendo e se hostilizando,
consideram que sairão vitoriosos. O segundo, falastrão, garante
"ganharemos, eu tomarei posse, Bolsonaro não tem condições físicas de
governar". O capitão, primeiro na chapa mas não na hierarquia, tinha que
responder. Mas mudou de estilo, para não provocar o parceiro. Textual:
"ele não teve má fé, quis preservar minha saúde". O problema de
domingo já está "precificado", como dizem no mercado.
O grande mistério é o segundo turno, que os candidatos fardados garantem
que não haverá.
Portanto, nada a dizer no momento.