ROGER MCNAUGHT -
As manifestações marcadas para ontem, dia 10 de novembro, embora
tenham transcorrido sem incidentes, mostraram o lado mais perverso e
intimidador do atual desgoverno do RJ.
Desde as 14 horas, servidores da saúde, educação e limpeza
urbana se concentraram em frente à prefeitura, disputando espaço com tapumes
que “estrategicamente” impediam a plena concentração de manifestantes no
local. Sob um sol escaldante e cercados
por policiais que empunhavam armas de forma hostil se dirigiram à candelária
para, as 16 horas, se concentrar para o ato unificado.
Já durante concentração na candelária, começa o festival de
intimidações. Estudantes e pessoas não
“uniformizadas” por partidos e sindicatos foram sistematicamente revistadas e
um rapaz foi detido sem maiores explicações enquanto um dos policiais segurava
o que pareciam ser dois pedaços retangulares de madeira – os famosos “escudos”,
dando a entender que é proibido se proteger da truculência da PMERJ.
Algo que chamou muito a atenção foi que policiais pareciam
estar procurando indivíduos específicos a ponto de deslocar toda a tropa atrás
de uma única pessoa sem sequer haver confronto, o que indicaria que pode estar
havendo uma “caça às bruxas” em curso.
Não satisfeitos com isso, policiais militares formaram uma
barreira em frente às escadarias da Câmara de Vereadores, impedindo que
manifestantes ocupassem as mesmas, pondo fim à manifestação antes mesmo do seu
local designado.
Tais “micro” medidas, que apenas parecem não ser de grande
impacto, adicionaram um elemento de insegurança ao ato, tirando a paz de todos
os manifestantes presentes e fazendo com que o ato por diversas vezes parasse
no meio do caminho. O Rio de Janeiro com
isso parece estar se moldando à técnica de “ataques preventivos” para
desestimular qualquer manifestação de cunho político.
E assim o Estado Democrático de Direito é
suplantado pelo “Estado Burocrático de Direita”, onde apenas os ricos tem voz e
vez.